Ele foi o terceiro da série de entrevistas
produzidas pelo Acorda Cidade. Segundo Jhonatas, não se pode fazer barganha
política com os interesses do povo
O candidato a prefeito de Feira de Santana, Jhonatas Monteiro (PSOL), foi entrevistado na manhã desta quarta-feira (8), no Acorda Cidade. Ele falou sobre o Plano de Governo e as propostas de melhorias que tem para o município.
08/08/2012
Roberta Costa
Fonte: http://www.acordacidade.com.br/noticias/94273/feira-de-santana-precisa-ser-passada-a-limpo-diz-candidato-jhonatas-monteiro-.html
Acorda Cidade: Porque o partido PSOL decidiu lançar uma
candidatura majoritária nas eleições 2012?
Jhonatas Monteiro: A avaliação que nós fazemos é que o cenário político de Feira, deixa de fora uma série de questões que a maioria da população vivencia diariamente, como transporte e cultura. Lançamos uma candidatura que levante uma visão diferente da proposta política que vem sendo tocada ao longo dos anos, iniciando de uma maneira contrária a maioria dos políticos.
AC: Qual é o programa de governo do PSOL?
JH: Nosso programa de governo foi construído em 17 encontros, que chamamos rodas de conversas. É uma proposta que tem viabilidade. Nós tentamos evitar compromissos comuns a todos os candidatos como “valorizar o professor” que é genérico. É como se o candidato não quisesse deixar de falar do tema, mas também não quisesse se comprometer. Nossa proposta é extremamente viável, um programa de governo democrático e
popular. Não é fechado, é uma proposta que pode receber contribuições da comunidade e está dividido em três eixos:
1 – Controle
social e participação popular. Feira de Santana
tem um grande problema que é a exclusão da maioria da população das decisões
mais fundamentais da cidade. A pessoa tem que saber como o dinheiro público é
investido. Por exemplo, queremos que a população decida como vai ser gasto 100%
do dinheiro do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana).
Somente assim, poderemos resolver os problemas urbanos da cidade, que precisa
de um ordenamento territorial. Feira cresceu, mas não oferece qualidade de vida
para a população, pois não tem planejamento. Uma cidade com mais de meio milhão
de habitantes não tem Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, que segundo o
Estatuto das Cidades, deve ser feito em cidades que tenham mais de 20 mil habitantes.
2 – Organização da
cidade. Precisamos tomar medidas imediatas em relação
a estrutura, desenvolvimento urbano e o transporte, que todo mundo sabe
que é ruim. O passo emergencial é cobrar o cumprimento do contrato, ampliar a
frota e ter o controle dos horários dos ônibus. E, principalmente, a redução da
tarifa. R$2,50 é um roubo e não se justifica tecnicamente. O Sistema Integrado
de Transporte (SIT) não funciona corretamente. As linhas de ônibus devem ser
redesenhadas para garantir a movimentação do cidadão, não só dos bairros para o
centro, mas também entre os bairros. Isso não vai mudar, enquanto a prefeitura
e o Sincol tiverem uma relação de “compadre”.
3 – Direitos
sociais. A gente pretende de forma simples tocar os pontos
que consideramos essenciais e importantes para Feira de Santana, com propostas
claras.
AC: Me
fale sobre o PSOL.
JM: O
PSOL é um partido novo, constituído nacionalmente em 2004 e, em Feira de
Santana, em 2008. Antes de lançar uma candidatura, procuramos entender bem a
cidade para traçar um diagnóstico preciso das necessidades. Só podemos
transformar o que conhecemos bem. Por isso, nosso programa reflete o que Feira
de Santana precisa.
AC: Qual o motivo
do PSOL não se coligar a outro partido?
JM: Tem
a ver com o cenário político do município. Nacionalmente, o PSOL se alia a
partidos como o PSTU e o PCB, que não existem em Feira, com algumas exceções
quando um partido tem a mesma proposta que a gente, priorizando o povo. No
cenário político que temos em Feira de Santana, ninguém apresenta as mesmas
propostas. Os partidos procuram se aliar com o que há de mais conversador na
política. Como diz a sabedoria popular, antes só do que mal acompanhado. As
pessoas barganham coligações por mais tempo na televisão, cabos eleitorais e
apoios financeiros. Somos radicalmente contra isso, não fazemos barganha
política com o interesse do povo. Nós temos uma candidatura pequena do
ponto de vista de recursos, pois as outras campanhas são milionárias. O PSOL
não aceita contribuição de empresários, pois não queremos “rabo preso” com
ninguém. Como eu vou criticar determinado empresário, se recebo dinheiro dele?
AC: E como vai
fazer uma campanha sem recursos?
JM: Colocar
uma candidatura em uma cidade com mais de meio milhão de habitantes é um
desafio, mas não uma atitude inconsequente. Nós avaliamos que é possível fazer
uma candidatura com o corpo a corpo, com o horário eleitoral. Quem acredita na
proposta, contribui com a candidatura, como professores, estudantes,
representantes de movimentos sociais e candidatos. O PSOL foi fundado
nacionalmente por pessoas que saíram do PT e, avaliaram que, ou se mantinha uma
coerência ou se mantinha no PT. Optamos por sermos coerentes, embora o PT
estivesse, digamos, no seu melhores momento, um ano do governo Lula.
AC: Como vai ser o
horário eleitoral?
JM: Vou
priorizar as propostas da nossa campanha, dizer porque elas são necessárias e
nunca executadas.
AC: Qual a
proposta para melhorar a geração de emprego em Feira de Santana?
JM: Tradicionalmente
as prefeituras seguem um modelo equivocado, pois fazem mais propaganda do que
geram efeitos em postos de trabalho. Vamos fortalecer o um circuito de economia
popular. Precisamos incentivar os pequenos empreendedores. A prioridade da política
econômica do nosso governo deve ser centrada nesse circuito de economia popular
e a valorização das cooperativas.
AC: Existe alguma
proposta em relação ao meio ambiente?
JM: Um
dos pontos centrais do programa é a discussão ambiental, tanto em questões de
moradia, quando em questões de saúde e saneamento básico.
AC: Se fosse
prefeito, sancionaria a lei que aumenta os salários dos vereadores,
secretários, prefeito e vice-prefeito?
JM: Não.
As prefeituras possuem um comprometimento muito grande com gastos supérfluos. A
Câmara de Vereadores deveria ter vergonha de votar uma questão como essa.
Nenhuma categoria tem um aumento dessa porcentagem, vai na contramão do que nós
entendemos como gestão pública.
AC: O senhor
conhece a situação das pessoas que vivem na divisa Feira de Santana X São
Gonçalo?
JM: São
pessoas desassistidas pelo poder público. Eu conheço o problema, que existe em
416 dos 417 municípios baianos. Essa questão deveria ser prioridade. Com um
Plano Diretor essa área seria prevista como Área de Expansão Urbana de Feira de
Santana. Os direitos dessas pessoas são negados por uma questão
burocrática.
AC: E o Centro de
Abastecimento?
JM: É
alvo de muita propaganda. Muito mais promessas do que medidas efetivas. O
Centro tem um papel importante na cidade e pode servir para escoar a produção
do produtor rural. Os trabalhadores rurais devem fazer com que a produção
chegue lá com condições de vender. O Centro deve ser revisto nesse sentido porque
também faz parte da cultura popular da cidade, precisa passar por um processo
de revitalização.
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