Por Jhonatas Monteiro
Compartilho
o sentimento das redes e das ruas acerca da nossa candidatura: a certeza que
algo de muito bom aconteceu em Feira ao longo desses últimos meses. Tenho esse
sentimento, em especial, porque confirmamos algo na prática: que a maioria da
população não é desinteressada da “política”, mas sim que quer distância (com
razão) dos vícios e abusos que são comuns no sistema político brasileiro, como
a compra direta ou indireta de votos, o uso da administração pública para distribuição
de emprego e vantagens, maquiagem publicitária dos candidatos, alianças
partidárias sem qualquer coerência, governos dominados por interesses
econômicos de minorias e assim por diante. Por outro lado, também confirmamos
que ante uma proposta e postura eleitoral diferenciada, onde o interesse
público e as necessidades da maioria transparecem como a prioridade, as pessoas
são bastante receptivas. É isso que foi demonstrado com o resultado do PSOL nas
urnas, mas principalmente com o impacto causado pela nossa candidatura na
mentalidade de muita gente. Sem dúvida, mais que votos, esse é o mais
importante fruto desse processo eleitoral.
Um
dos papéis de um partido de esquerda é estimular as pessoas a refletir,
inclusive para que deixem de temer mudanças reais e deixem para trás os
inúmeros preconceitos que infelizmente ainda circulam por aí. Nesse caso, por
exemplo, não tenho dúvida que inúmeras pessoas tiveram que reavaliar a forma
como enxergam um jovem, negro, “rasta”, morador de bairro popular de Feira.
Além disso, algum tempo atrás, disse em uma entrevista que tinha o objetivo de
atrair quem “não se identificava com a política” porque não se via nela, ou
seja, dialogar com as pessoas através de uma política baseada na experiência de
quem sente na pele os problemas cotidianos de Feira. Dessa forma, fizemos uma
campanha sob a visão de quem diariamente vivencia a exploração, opressão e a
negação de direitos. Penso que só assim, verdadeiramente, teremos um projeto
político que “preencha” com mudanças reais o vazio de certa casa colocada em
uma das esquinas da cidade. A partir disso, por exemplo, muita gente passou a
questionar o quanto os “políticos” conhecem a realidade dos problemas que dizem
querer resolver.
Em
sintonia com essa perspectiva, outra característica importante foi combater o
“mais do mesmo” da política local sem ficar na simples denúncia ou ataque
pessoal: na disputa, criticamos diversas situações, inclusive responsabilizando
os culpados, mas sempre com a preocupação de debater problemas e apontar
soluções que interessassem à maioria da população. Nesse caso, reafirmamos na
prática a ideia que eleição não precisa ser mediocridade, já que ela pode ser
apropriada pelos setores populares e democráticos do município como uma “janela
de oportunidades” para pautar as grandes questões de interesse público. Isso,
sem dúvida, contribuiu para que questões como a ausência de planejamento
urbano, a ineficiência do transporte coletivo ou a necessidade de ampliação da
estratégia de saúde da família aparecessem com mais força que em qualquer
processo eleitoral recente.
Como
outro ponto, demonstramos que há uma parcela de Feira, que não é pequena,
descontente com o cenário político que domina o município e que tem interesse
em construir um novo projeto de transformação da realidade feirense. Vi isso
através da solidariedade e abertura dos vários indivíduos e coletivos que,
ainda antes da eleição, se dispuseram a auxiliar o PSOL na construção das
propostas de governo e também, em vários espaços durante a campanha, no grau de
concordância demonstrado pelas pessoas com as nossas idéias e essas propostas.
Por sua vez, também ficou evidente que essa parcela de Feira pode influenciar
poderosamente a vida política e social do município se assim o quiser. E nesse
processo eleitoral ela deu um mostra disso, implicando em deixar para trás
parte da velha política também nas urnas.
Como
outra característica, essas eleições mostraram também que não é necessário
utilizar o mesmo método do “vale tudo” das outras candidaturas para ter alcance
eleitoral e social. No cenário de candidaturas com orçamentos milionários e
“militância” paga, afirmamos uma campanha colaborativa. Colaborativa porque foi
sustentada pela disposição de pessoas dos mais variados bairros de Feira em
distribuir materiais para seus conhecidos, em divulgar a campanha pelas redes,
organizar reuniões na sua moradia ou em outros locais, participar de
panfletagens conosco, dentre outras formas de engajamento espontâneo e
voluntário que marcaram essa eleição. E, para espanto dos conservadores, isso
dá certo. Imagino que, felizmente, essas e outras características repercutam
positivamente na cabeça de muita gente, estimulando as pessoas a pensar que
podemos sim fazer política diferente.
Por
fim, já que não tem sentido fazer sozinho a avaliação de tudo que vivemos e com
que nos animamos conjuntamente nesse processo, gostaria muito de ouvir a
opinião das pessoas que ajudaram na construção do Programa de Governo, das
várias que se somaram durante as atividades da campanha, daquelas que têm
mantido o diálogo conosco nas redes e todos e todas interessadas em participar
de um momento coletivo de avaliação. Assim, além daquele que faremos através de
twitcast, deixo a indicação de um Balanço Público da Campanha Jhonatas 50,
a ser realizado ainda esse mês de outubro,
sábado, dia 27, 14 horas (O
local será no Centro, mas ainda está indefinido). A ideia é manter o espírito
colaborativo e democrático da campanha promovendo um encontro em que,
pessoalmente, possamos avaliar o processo e definir também as perspectivas de
atuação das pessoas interessadas em mudar Feira pela raiz. Como disse em
diversos debates, não disputamos apenas uma eleição, mas sim uma visão sobre
Feira e um projeto de sociedade. Portanto, a luta não começou nessa eleição e
não terminará nela.
Abraços
fraternos.
Jhonatas 50
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