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4 de dez. de 2014

CRIMINALIZAÇÃO E EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA É TEMA DISCUTIDO POR JHONATAS NO IFBA DE SEABRA

Como convidado da II Semana Preta promovida pelo campus de Seabra do IFBA, Jhonatas Monteiro discutiu o tema “Criminalização e extermínio da juventude negra”, no dia 03 de dezembro. Inicialmente, Jhonatas problematizou a naturalidade com que é tomada tema, como se a situação concreta da população negra não tivesse relação com a história de constituição da sociedade brasileira e o funcionamento das suas instituições. Em especial, ao tratar do chamado “racismo institucional”, Jhonatas destacou o papel destrutivo que a atual política de segurança pública tem ao definir como “inimigo” o jovem negro morador das periferias urbanas do País. No quadro de uma polícia com alta letalidade, o resultado mais evidente desse processo são os corriqueiros casos de assassinatos de jovens negros nas “operações policiais”. Jhonatas destacou que, obviamente, esse processo de criminalização não se resume à ação policial, sendo reforçado também pela mídia corporativa. Sãos inúmeros os momentos da programação televisiva, por exemplo, voltados ao reforço das periferias como locais por natureza do “crime”, da “violência” e do “tráfico” – Muito embora nenhuma das três práticas se restrinja a essas áreas e os reais comandantes do tráfico nem de longe morarem na periferia. Assim, o cotidiano de milhões de pessoas no Brasil é tomado pelo processo de construção do “crime” e do “criminoso” a partir do estereótipo do jovem negro morador da periferia. O resultado disso é uma política genocida, no sentido que tem efeito de extermínio sobre um grupo populacional específico, expressa nos assombrosos números de homicídios de jovens negros e no encarceramento seletivo da população negra. Antes da abertura para o público, Jhonatas destacou ainda que o argumento que esse cenário seria natural porque a população negra é maioria no Brasil não se sustenta: no ano de 2002 os homicídios se dividiam entre 37,5% na população branca e 62,2% na população negra, mas ao longo da década o que se observou foi a redução desses números no primeiro grupo e o aumento considerável no segundo – 24,6% e 75,1% respectivamente. Além disso, se entre 2005 e 2012 a população brasileira cresceu apenas 5% e a população encarcerada cresceu 80%, mais de 60% de quem está preso é negro ou negra. A partir dessa problematização inicial, a discussão contou com diversos comentários e questões colocados por docentes e estudantes sobre a expressão desse processo em Seabra, outros aspectos do racismo no Brasil, possíveis alternativas para enfrentamento desse cenário, dentre outros pontos.


Ascom PSOL

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