Como
convidado da II Semana Preta promovida pelo campus de Seabra do IFBA, Jhonatas
Monteiro discutiu o tema “Criminalização e extermínio da juventude negra”, no
dia 03 de dezembro. Inicialmente, Jhonatas problematizou a naturalidade com que
é tomada tema, como se a situação concreta da população negra não tivesse
relação com a história de constituição da sociedade brasileira e o
funcionamento das suas instituições. Em especial, ao tratar do chamado “racismo
institucional”, Jhonatas destacou o papel destrutivo que a atual política de
segurança pública tem ao definir como “inimigo” o jovem negro morador das
periferias urbanas do País. No quadro de uma polícia com alta letalidade, o
resultado mais evidente desse processo são os corriqueiros casos de
assassinatos de jovens negros nas “operações policiais”. Jhonatas destacou que,
obviamente, esse processo de criminalização não se resume à ação policial, sendo
reforçado também pela mídia corporativa. Sãos inúmeros os momentos da
programação televisiva, por exemplo, voltados ao reforço das periferias como
locais por natureza do “crime”, da “violência” e do “tráfico” – Muito embora
nenhuma das três práticas se restrinja a essas áreas e os reais comandantes do
tráfico nem de longe morarem na periferia. Assim, o cotidiano de milhões de
pessoas no Brasil é tomado pelo processo de construção do “crime” e do
“criminoso” a partir do estereótipo do jovem negro morador da periferia. O
resultado disso é uma política genocida, no sentido que tem efeito de
extermínio sobre um grupo populacional específico, expressa nos assombrosos
números de homicídios de jovens negros e no encarceramento seletivo da
população negra. Antes da abertura para o público, Jhonatas destacou ainda que
o argumento que esse cenário seria natural porque a população negra é maioria
no Brasil não se sustenta: no ano de 2002 os homicídios se dividiam entre 37,5%
na população branca e 62,2% na população negra, mas ao longo da década o que se
observou foi a redução desses números no primeiro grupo e o aumento
considerável no segundo – 24,6% e 75,1% respectivamente. Além disso, se entre
2005 e 2012 a população brasileira cresceu apenas 5% e a população encarcerada
cresceu 80%, mais de 60% de quem está preso é negro ou negra. A partir dessa
problematização inicial, a discussão contou com diversos comentários e questões
colocados por docentes e estudantes sobre a expressão desse processo em Seabra,
outros aspectos do racismo no Brasil, possíveis alternativas para enfrentamento
desse cenário, dentre outros pontos.
Ascom
PSOL
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