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29 de abr. de 2011

Racismo, barbárie e facismo: faces da mesma moeda



Por Vanderlei Victorino B.A.

Um preso já condenado, foi detido no 3º Distrido Policial, no Bairro da Ponte São João,  Zona Leste de Jundiaí. Conforme a foto do Jornal Bom Dia de Jundiaí,  foi algemado no Troco, na última terça-feira dia, 12 de abril de 2011.
Tamanha foi a minha surpresa quando me deparei com a matéria e a foto de um homen negro já condenado algemado em uma especie de tronco dentro da Delegacia.

Não há sombra de dúvidas: o total desrespeito e a falta de preparo dos “profissionais” no trato com os presos e detentos evidencia o racismo institucional e a política de racismo e ódio promovida pelo ato dos “profissionais” do 3º Distrito Policial.
Na quarta-feira (14/04), a  Ordem dos Advogados de Jundiaí  afirmou que entraria com representação na Seccional bem como iria notificar o Ministério Público para que os presos na delegacia da Ponte São João passassem a ter um tratameno “menos humilhante”.
Na quinta feira (15/04), a OAB declarou satisfeita pelas providências a serem tomadas pelo Delegado Djahy Tucci Junior, que desembocam na construção de um Centro de Triagem com todos os cuidados e padrões técnicos e de sáude. O delegado afirma ainda que a falta desse equipamento é uma das causas da demora na espera de presos nas delegacias, que aguardam viatura e policiais disponíveis para o trajeto antes de serem detidos formalmente.
Infelizmente, Jundiaí,  7ª maior econômia do Estado e 24ª do País, ainda vive os ataques ao povo pobre, negro e às religiões de matrizes africanas, deixando evidente o preconceito, o racismo e a intolerância religiosa. Os últimos ataques diretos foram através de projetos de lei contra Religiões Tradicionais de Terreiros (Religiões de Matrizes Africanas). Agora a demonstração de racismo e preconceito contra um preso negro algemado em um tronco dentro de uma instituição pública evidência que os ditos “doutores da Lei” usam dos meios oficiais para praticar e espalhar o maldito câncer do racismo e do preconceito na sociedade.
A especulação imobiliária, o elavado valor da tarifa de ônibus e o alto custo de vida exemplificam o apartheid social, racial e espacial que o nosso povo pobre e negro de Jundiaí vivência.
O delegado e vereador de Jundiaí pelo PV Paulo Sérgio justificou a atitude dos “profissionais” do 3º  DP pelo fato de o distrito policial atender os bairros do Jardim São Camilo, Jardim Tarumã, Jardim Tamoio… Esses bairros sofrem com a falta ou o sucateamento de equipamentos públicos, como creches, Unidades Básicas de Saúde e transporte coletivo para atender às necessidades das comunidades. Vale lembrar que, nos bairros mais abastados, também residem pessoas má intensionadas, bandidos e marginais da “alta sociedade jundiaiense”. Tal declaração, portanto, é mais uma iniciativa de criminalização da pobreza, acompanhada por uma verdaeira faxina étnica promovida pelo Estado contra o povo negro.
Mas nada disso tira a fibra do nosso povo, lutador e trabalhador. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de Jundiaí e o Círculo Palmarino reafirmam a luta em defesa dos Direitos Humanos; repudiam a ato de barbárie e a política de segregação racial, espacial e étnica que vivenciamos nos últimos tempos em nossa cidade; e declaram para todos os lutadores e lutadoras que não mediremos esforços para a construção de um outro mundo. Um mundo, igualitário, radicamente democrático, socialmente justo, sem racismo, xenofobia, sexismo ou homofobia. Um outro mundo é possível.

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