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3 de nov. de 2011

"Enfrentar as milícias é defender a democracia"


"Enfrentar as milícias é defender a democracia"

Poucos no país entendem tanto de segurança pública e de direitos humanos como o cientista político e antropólogo Luiz Eduardo Soares. Não à toa, volta e meia, governantes das mais diversas esferas o reivindicam para ocupar postos estratégicos ou para construir os programas de governo voltados para tão explosiva área. Luiz Eduardo aceita os desafios, mas nunca abre mão do que acredita. Muito do que vivenciou na gestão pública inspirou o autor de livros como Meu casaco de general, Cabeça de Porco e Elite da Tropa. Pois Luiz Eduardo assina agora, com André Batista, Cláudio Ferraz e Rodrigo Pimentel, Elite da Tropa 2, cujo tema central são as milícias. Luiz Eduardo explica aqui o porquê de Marcelo Freixo ser o primeiro nome entre os poucos escolhidos para compor as dedicatórias do novo livro.


Como situa o mandato Marcelo Freixo na história da Alerj?

É um dos mais importantes, senão o mais importante mandato das últimas décadas. O tempo vai permitir uma avaliação melhor, mas se teve algum mandato mais importante eu não me lembro.

E por quê?

Marcelo Freixo foi o único que enfrentou o maior problema emergencial do Rio de Janeiro, que são as milícias. Enfrentou um problema que extrapola o terreno partidário, que é suprapartidário porque diz respeito à defesa da democracia.

Como avalia a gravidade da ação das milícias?

Essa máfia, que controla territórios para a exploração de atividades econômicas, impede o próprio desenvolvimento do estado e gera uma crise democrática que vai muito além do âmbito de atuação da polícia. É a maior ameaça e a mais perigosa contra o Estado democrático de direito. E Marcelo Freixo enfrentou essa ameaça dentro das possibilidades de seu papel parlamentar. Só por isso, ele já merece respeito.

Antes da CPI, não havia toda essa compreensão de gravidade...

Não havia um entendimento de que a milícia era o nosso principal problema. E havia setores que até aplaudiam a milícia como algo "do bem". E autoridades como Cesar Maia, que a defendiam, ou Eduardo Paes, que assumiu como prefeito vacilante, sem um discurso claro, em relação a essa questão. Houve autoridades que se associaram às milícias, aproveitando-se delas do ponto de vista político, numa aliança perversa. Éramos poucos os que antes da CPI das Milícias já entendiámos a gravidade do problema. E pedir a CPI foi a primeira ação parlamentar do Marcelo, assim que tomou posse em fevereiro de 2007. Mas só foi possível mesmo a mudança da opinião pública e a abertura da CPI depois do sequestro de tortura de jornalistas na favela do Batan, controlada por milicianos, na Zona Oeste, em 2008.

No seu livro, como no filme, tem um personagem inspirado no Marcelo Freixo?

Tem sim. Mas se no filme o nome do personagem é Fraga, no livro o militante dos direitos humanos que vira deputado e enfrenta as milícias se chama Marcelo Freitas. Misturei algo de mim ao Freitas do livro, mas está claro em quem o personagem é inspirado. E não por acaso Marcelo Freixo é o primeiro nome na pequena lista de nomes que nós, os autores, escolhemos por unanimidade para incluir nas dedicatórias do livro, por terem arriscado as suas vidas em nome do enfrentamento das milícias.
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