No último dia 16, Jhonatas Monteiro
(PSOL) participou da mesa de abertura do IX Encontro Baiano de Estudantes de
Geografia (EBEGEO), na UEFS. Em específico, Jhonatas abordou o tema “Lutas
sociais e juventude: dilemas e perspectivas”. A mesa contou ainda com a
presença de Rafael Anton, graduando pela UEFS e representante da organização
local do evento, e Rodrigo Gesteira, graduando pela UESC e representante da Coordenação
Executiva Baiana dos Estudantes de Geografia (CEBEGEO). Na exposição inicial do
tema Jhonatas destacou o cenário geral das lutas sociais nas últimas décadas no
Brasil, a organização da juventude e o papel do movimento estudantil na
contemporaneidade, bem como uma análise das manifestações de junho. Jhonatas
afirmou que desde a década de 1970 o capitalismo atravessa uma forte crise,
implicando na aposta por parte das classes dominantes no neoliberalismo, na
reestruturação produtiva e intensa financeirização da economia. Uma ofensiva do
capital que resultou no ataque aos direitos dos trabalhadores e às conquistas
sociais, quadro agravado pela derrocada das experiências burocráticas da URSS e
do leste europeu na década de 1980. Em contrapartida, destacou o avanço das
lutas populares nessa década no Brasil e o refluxo da mobilização popular ao
longo dos anos 1990 para analisar a manutenção da governabilidade conservadora
que tem marcado o período FHC-Lula-Dilma. Para Jhonatas, sem reformas
estruturais e com prioridade do pagamento da dívida pública, o máximo do
período foi uma espécie de “melhorismo social” baseado em programas de
transferência de renda, pequeno aumento real do salário mínimo e crescimento do
consumo por meio de crédito. Jhonatas analisou também a burocratização das
entidades sindicais ou populares que passaram a sustentar a coalizão
governamental, apontando a falta de combatividade desses espaços como um dos
fatores que influenciaram na dispersão da juventude no entretenimento, igrejas e redes sociais. Inclusive, o
desgaste da UNE e outras entidades, em função do governismo, fortaleceram a
crítica jovem às experiências tradicionais de organização e mesmo a sua negação
ingênua. Nesse sentido, sobre as manifestações de junho, Jhonatas apontou a
grande diversidade política expressa em pautas às vezes contraditórias. Essas mobilizações
politizaram o cotidiano de muitas pessoas pela primeira vez, contribuindo tanto
para uma transformação nos termos do debate político quanto uma renovação
geracional da luta social. Além disso, Jhonatas interpretou a “irrupção” de
junho como parte de um processo mais amplo de avanço da resistência popular e,
além das reivindicações atendidas, o principal “saldo” foi certo fortalecimento
dos movimentos sociais autônomos em relação ao governo e o fato de uma parte da
juventude perceber a necessidade de se organizar politicamente. O debate, a
partir de questões do público, passou ainda por questões como os métodos do
movimento estudantil, a tática black bloc, as possibilidades de ação conjunta
dos estudantes de Geografia com os movimentos populares, dentre outras.
Ascom PSOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário