Como debatedor do tema “Movimento
sociais: passado e presente de lutas”, Jhonatas Monteiro (PSOL) participou da Semana
do Calouro de Pedagogia 2014.1, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
Campus XV, em Valença, no dia 18 de março. A mesa foi mediada pela pedagoga
Gerusa Sobreira e contou também como debatedores com Maurício Quadros, mestre
em história social pela UFBA, professor da Rede Estadual de Ensino e ex-militante
do movimento estudantil da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); e
Zilmar Alverita, mestra em Estudos Interdisciplinares em Mulheres, Gênero e
Feminismo pela UFBA e presidenta do PSOL de Salvador. Durante a exposição
inicial, Jhonatas utilizou a ideia do aprendizado com o passado expresso no
adinkra “sankofa”, ideograma do povo akan, como ponto de partida. Enfatizou o
histórico de luta da população negra ao longo do século XX, das principais
organizações do movimento negro, a sua importância e seus objetivos. Para tanto,
por meio de indicadores e descrição de situações, destacou o racismo como um
dos principais problemas não resolvidos da sociedade brasileira: até hoje, mais
de 100 anos após a Abolição da Escravatura, a população negra vivencia
diariamente a negação de direitos. Dessa maneira, Jhonatas apontou o movimento
negro como expressão de enfrentamento a esse problema concreto. Em específico,
analisou a relação entre a luta anti-racista e o último ciclo de lutas populares
no País. Assim, discutiu as contradições do cenário de contestação social em
meados da década de 1970, a dinâmica de criação do Ilê Aiyê em 1974 e do
Movimento Negro Unificado (MNU) em 1979 como parte de um processo amplo de
enfrentamentos para a democratização da sociedade brasileira. Como final desse
ciclo de lutas, Jhonatas destacou como a conjuntura dos anos 2000, período de chegada
do Partido dos Trabalhadores (PT) ao governo federal, foi marcada por contradições:
ao mesmo tempo em que medidas institucionais importantes, como a regulamentação
da titulação de terras quilombolas ou o Estatuto da Igualdade Racial, foram
conquistadas após luta histórica das organizações negras, houve um “esvaziamento”
do alcance desses avanços devido à pactuação conservadora que forma o próprio
governo federal. O quadro é marcado ainda por forte burocratização de setores
significativos do movimento negro, através da prioridade absoluta conferida aos
espaços institucionais e consequente distanciamento dos graves problemas que
atravessam diariamente a vida da maioria negra do Brasil. Não à toa, para
Jhonatas, os dados da violência evidenciam a impossibilidade desse caminho de
acomodação à ordem impedir o genocídio da juventude negra nas periferias
brasileiras e real garantia de igualdade à maioria da população negra. Também
como exposições iniciais, Maurício Quadros abordou a sua experiência enquanto
militante estudantil na UFRB e traçou um histórico protagonismo do movimento
estudantil baiano durante a ditadura militar; e Zilmar Alverita discutiu o
sentido do movimento feminista em um mundo cuja estrutura é patriarcal e
reprodutora do machismo, bem como apontou a necessidade
de articulação feminista às outras expressões das lutas populares. A partir da
diversidade de enfoques dados ao tema geral, o público participou através de variadas
questões que foram da relação entre partidos políticos e movimentos sociais às
manifestações que marcaram junho de 2013.
Ascom PSOL
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