Jhonatas
Monteiro (PSOL) participou do II Ciclo de Debates do Diretório Acadêmico de
Geografia – UNEB Campus XI, em Serrinha, no dia 10 de abril. Na mesa, ao lado
do professor da UNEB Rogério Macedo, Jhonatas discutiu o tema “Geopolítica das
lutas sociais hoje”. Inicialmente, definiu "geopolítica", em sentido
amplo, como a materialidade onde os conflitos sociais e lutas políticas
ocorrem. Os conflitos se diferenciam de lugar para lugar, ou seja, do ponto de
vista espacial têm expressões diferenciadas. Para ele, a presença de múltiplos
conflitos é própria ao atual tipo de organização social, uma vez que toda
sociedade desigual é também produtora de conflitos (econômicos, de gênero,
raciais, etc.). Jhonatas também distinguiu luta social de luta popular: esta é
expressão das necessidades históricas da maioria da sociedade, protagonizada
pela parcela que vive do próprio trabalho; enquanto aquela, por sua vez, pode
se localizar em qualquer lugar social. Isto implica dizer que a classe
dominante, quer no Brasil, quer em qualquer lugar do mundo, "também se
organiza e luta para garantir a manutenção de seus privilégios". Após essa
nota teórica, para contextualizar o atual cenário em que as lutas sociais se
desenrolam, Jhonatas afirmou que a saída da crise do capitalismo nos anos 1970
deu-se, visando garantir uma taxa de rentabilidade sustentável, por duas vias
econômicas: reestruturação produtiva e especulação financeira. O efeito
colateral da primeira foi o aumento significativo do desemprego estrutural,
mediante a extinção de postos de trabalho. A segunda via produziu um grande
aumento da instabilidade financeira, o que gerou diversas crises monetárias
pelo mundo. Tudo isto contribuiu significativamente para a ampliação da
desigualdade, sobretudo da década de 1990 até os dias atuais. Isto gerou um
aumento substancial da capacidade de influência política das classes dominantes
no rumo da sociedade. Outro elemento importante nesta contextualização, segundo
Jhonatas, foi a crise do chamado “socialismo real”, que se deu no fim dos anos
1980 com a queda do muro de Berlim e o esfacelamento da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS). Este fato produziu um enfraquecimento da
perspectiva dos movimentos progressistas em construir uma nova sociedade
pós-capitalista. Para Jhonatas, o que há de marcante no atual cenário das lutas
sociais é que "há disposição crescente para luta de contestação, porém não
há clareza por qual forma de sociedade lutar". Isto se deu tanto no norte
da África, na Europa, quanto em junho de 2013 no Brasil, ou seja, a falta de
projeto explícito de sociabilidade alternativa. Esta indefinição dá condições
para que a expressão da insatisfação popular seja disputada, com relativa
força, por propostas políticas de extrema direita. Por sua vez, essas propostas
são comumente sustentadas pela ação imperialista: os EUA, por exemplo, tem
bases militares e corporações econômicas em centenas de países, apoiando e
financiando diversos grupos políticos de acordo com seus interesses – mesmo que
isso signifique fortalecer a extrema direita como nos casos recentes da Ucrânia
e Venezuela. Após a apresentação inicial de Jhonatas, seguiu-se comentário do
professor Rogério, que levantou questões acerca da capacidade dos Estados
contemporâneos fazerem frente ao poder do capital e a necessidade de
rediscussão das formas de contestação política ao capitalismo. Além disso, a
discussão com o público evolveu também variadas temáticas como a presença de
fatores étnicos nos conflitos internacionais, a relação entre educação e transformação
social, os impasses da reforma política no Brasil, o cenário econômico
nacional, as disputas de projetos na América Latina e estratégias
anticapitalistas.
Ascom
PSOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário