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11 de abr. de 2014

NA UNEB DE SERRINHA, JHONATAS DISCUTE GEOPOLÍTICA DAS LUTAS SOCIAIS

Jhonatas Monteiro (PSOL) participou do II Ciclo de Debates do Diretório Acadêmico de Geografia – UNEB Campus XI, em Serrinha, no dia 10 de abril. Na mesa, ao lado do professor da UNEB Rogério Macedo, Jhonatas discutiu o tema “Geopolítica das lutas sociais hoje”. Inicialmente, definiu "geopolítica", em sentido amplo, como a materialidade onde os conflitos sociais e lutas políticas ocorrem. Os conflitos se diferenciam de lugar para lugar, ou seja, do ponto de vista espacial têm expressões diferenciadas. Para ele, a presença de múltiplos conflitos é própria ao atual tipo de organização social, uma vez que toda sociedade desigual é também produtora de conflitos (econômicos, de gênero, raciais, etc.). Jhonatas também distinguiu luta social de luta popular: esta é expressão das necessidades históricas da maioria da sociedade, protagonizada pela parcela que vive do próprio trabalho; enquanto aquela, por sua vez, pode se localizar em qualquer lugar social. Isto implica dizer que a classe dominante, quer no Brasil, quer em qualquer lugar do mundo, "também se organiza e luta para garantir a manutenção de seus privilégios". Após essa nota teórica, para contextualizar o atual cenário em que as lutas sociais se desenrolam, Jhonatas afirmou que a saída da crise do capitalismo nos anos 1970 deu-se, visando garantir uma taxa de rentabilidade sustentável, por duas vias econômicas: reestruturação produtiva e especulação financeira. O efeito colateral da primeira foi o aumento significativo do desemprego estrutural, mediante a extinção de postos de trabalho. A segunda via produziu um grande aumento da instabilidade financeira, o que gerou diversas crises monetárias pelo mundo. Tudo isto contribuiu significativamente para a ampliação da desigualdade, sobretudo da década de 1990 até os dias atuais. Isto gerou um aumento substancial da capacidade de influência política das classes dominantes no rumo da sociedade. Outro elemento importante nesta contextualização, segundo Jhonatas, foi a crise do chamado “socialismo real”, que se deu no fim dos anos 1980 com a queda do muro de Berlim e o esfacelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Este fato produziu um enfraquecimento da perspectiva dos movimentos progressistas em construir uma nova sociedade pós-capitalista. Para Jhonatas, o que há de marcante no atual cenário das lutas sociais é que "há disposição crescente para luta de contestação, porém não há clareza por qual forma de sociedade lutar". Isto se deu tanto no norte da África, na Europa, quanto em junho de 2013 no Brasil, ou seja, a falta de projeto explícito de sociabilidade alternativa. Esta indefinição dá condições para que a expressão da insatisfação popular seja disputada, com relativa força, por propostas políticas de extrema direita. Por sua vez, essas propostas são comumente sustentadas pela ação imperialista: os EUA, por exemplo, tem bases militares e corporações econômicas em centenas de países, apoiando e financiando diversos grupos políticos de acordo com seus interesses – mesmo que isso signifique fortalecer a extrema direita como nos casos recentes da Ucrânia e Venezuela. Após a apresentação inicial de Jhonatas, seguiu-se comentário do professor Rogério, que levantou questões acerca da capacidade dos Estados contemporâneos fazerem frente ao poder do capital e a necessidade de rediscussão das formas de contestação política ao capitalismo. Além disso, a discussão com o público evolveu também variadas temáticas como a presença de fatores étnicos nos conflitos internacionais, a relação entre educação e transformação social, os impasses da reforma política no Brasil, o cenário econômico nacional, as disputas de projetos na América Latina e estratégias anticapitalistas.



Ascom PSOL

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