Como
parte das atividades do projeto “O Abraço”, Jhonatas Monteiro (PSOL) esteve no
Campus de Vitória da Conquista do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Bahia (IFBA). Além de ministrar minicurso sobre “A ditadura e a
juventude” no dia 25 de abril, Jhonatas também discutiu o tema “Cale-se, de
vinho tinto de sangue, nunca mais: a ditadura e seus horrores”, no Café
Filosófico, dia 24 de abril. A partir de três indagações centrais, Jhonatas
articulou a reflexão sobre a ditadura que marcou o Brasil por mais de duas
décadas após 1964. Em primeiro, Jhonatas questionou o público acerca do próprio
momento em que a reflexão se dava, apontando o presente marcado simultaneamente
pelos 50 anos do golpe civil-militar de 1964, as tensões em torno da atividade
da Comissão Nacional da Verdade e uma ofensiva conservadora que tem buscado
“revisar” e justificar o período ditatorial. Em seguida, como segunda questão,
discutiu qual o sentido do golpe no contexto de crescimento da mobilização
popular do início da década de 1960 no País. Para tanto, Jhonatas apresentou o
longo percurso de conspiração golpista de lideranças empresariais e militares
antes de 1964 e sua conexão com a ação anticomunista dos EUA durante a chamada
“guerra fria”. Dessa forma, explicou como sob a falsa alegação de “ameaça
comunista” o governo Goulart foi deposto para impedir reformas que efetivassem
mais direitos à maioria da população e um projeto de desenvolvimento mais
soberano – as chamadas “Reformas de Base”. Assim, Jhonatas destacou a ditadura
como a “receita” autoritária utilizada pelas classes dominantes para manutenção
de seus privilégios ao custo do uso da força como recurso político de modo
explícito, generalizado e institucionalizado. Através da exibição de breve
depoimento de uma ex-presa política da ditadura, cuja memória do período se
associa à sensação de “permanente insegurança”, Jhonatas demonstrou que
tortura, sequestro, assassinato e outras violências praticadas por agentes do
Estado eram desdobramento de um cenário onde o arbítrio passou a ser a regra.
Nesse sentido, como terceiro ponto da argumentação, questionou qual a “herança”
deixada pela ditadura na sociedade brasileira além dos nomes de lugares em
homenagem aos ditadores, apoiadores da ditadura ainda ocupantes de cargos
públicos e uma estrutura de mídia oligopólica e conservadora. Jhonatas, depois
de exibir matéria jornalística sobre um caso de abuso policial, afirmou que
essa marca é evidente na violência institucionalizada que nos cerca diariamente
no Brasil. A atividade contou com a mediação dos estudantes Samuel Fogaça e
Ralf Bianchi, cujos questionamentos contribuíram para aprofundar a reflexão e
estimular as várias perguntas feitas pelo público – sobre as possibilidades de
um novo golpe, a relação entre Igreja Católica e a ditadura, a violenta
repressão aos povos indígenas durante o período, dentre outras. O Café
Filosófico, conforme proposição do diálogo entre arte e ciência do projeto O
Abraço, contou também com diversas apresentações artísticas protagonizadas por
estudantes do IFBA: fotografia, música e dança estabeleceram diversas pontes
com o tema em discussão.
Ascom PSOL
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