Após discussão sobre
educação pública em Santo Estevão, o Circuito de Diálogo de 2014 foi encerrado
com uma atividade realizada em conjunto pelo PSOL Feira e pelo PSOL de Caetité,
no dia 13 de junho. O evento, realizado no campus VI da UNEB, teve como tema
“Caetité em debate: os impactos sociais das grandes empresas”. Compuseram a
mesa como debatedores Ailton Pinheiro, professor de História e militante do
PSOL Caetité; o padre Osvaldino Alves Barbosa, integrante da Comissão Pastoral
do Meio Ambiente; e Jhonatas Monteiro, mestre em História, dirigente do PSOL
Bahia e militante do PSOL Feira. Ailton fez uma análise panorâmica da situação
social do município, pontuando os problemas mais sentidos na pele da maioria da
população de Caetité. Para tanto, descreveu o cenário político local, criticando
o descompromisso dos poderes executivo e legislativo municipais tanto no
planejamento quanto na fiscalização dos grandes empreendimentos em operação na
área (exploração de urânio, parque de energia eólica, construção da Ferrovia
Oeste-Leste e mineração de ferro). Por sua vez, o padre Osvaldino resgatou como
a sua atividade pastoral naturalmente o levou a lidar com os problemas causados
pela exploração do urânio em Caetité. Assim, com riqueza de detalhes, expôs a
percepção comunitária acerca dos diversos impactos da mineração de urânio
realizada pela Indústria Nuclear Brasileira (INB) nas comunidades da região, desde
aqueles relativos à inviabilidade econômica da produção agrícola pelo risco de
contaminação até a alta recorrência de casos de neoplasia. Dessa maneira,
relembrou a grande mobilização popular ocorrida no ano de 2011 em Caetité e
Guanambi como expressões de um descontentamento que tem raízes mais profundas,
o que se relaciona tanto com o silêncio imposto pela empresa quanto a falta de
contrapartidas sociais que efetivamente minimizem os danos sócio-ambientais
causados pela exploração do urânio. Jhonatas, inicialmente, indicou como noções
de “desenvolvimento” e “progresso” já foram usadas muitas vezes ao longo da
história como subterfúgio para viabilizar os interesses de uma pequena parcela
da população – através de índices sociais e econômicos do município de Caetité,
registrou inclusive como entre 1991 e 2010 houve decréscimo da renda relativa da
renda dos 20% mais pobres do município, ou seja, a renda se concentrou mais
ainda na mão de poucos durante o período de implantação da maioria das grandes
empresas que hoje atuam em Caetité e região. Destacou também que, infelizmente,
o procedimento empresarial padrão é uma política de desinformação das
comunidades afetadas e a ausência da participação popular nos acordos firmados
entre o município e as empresas. A atividade contou ainda com várias perguntas
do público, composto por pessoas de diversos municípios da região como Igaporã,
Brumado, Livramento e Guanambi.
Ascom PSOL
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