Como parte das atividades da Semana da Resistência
Negra da Escola Municipal Antonio Brandão de Souza, no distrito de Humildes,
Jhonatas Monteiro (PSOL) palestrou sobre o tema “Juventude e resistência negra:
o papel da escola frente às políticas afirmativas”, no último dia 19.
Inicialmente, Jhonatas definiu o que seria resistência lembrando que a própria
presença da população negra hoje é um símbolo disso. Afinal, como explicitou
Jhonatas, a virada do século XIX para o século XX no Brasil foi marcada por
projetos políticos que buscavam embranquecer o País tanto do ponto de vista dos
corpos quanto da cultura. Entre outras coisas, isso implicou que o fim legal da
escravidão foi seguido de um descaso evidente com a população negra brasileira,
o que implica ainda hoje que os indicadores de renda, educação, saúde,
violência e outros são piores para esse setor social. Dessa maneira, Jhonatas
afirmou que “o racismo no Brasil não se manifesta apenas nas práticas
individuais, mas na negação de direitos que cria as condições objetivas para
manter as desigualdades raciais”. Jhonatas salientou, através da exposição de
diversos dados, que dentro da conflitiva realidade brasileira é a juventude
negra o principal alvo da violência justamente por causa dessa negação de
direitos. Dentro desse quadro, Jhonatas discutiu a relação entre o longo
processo de luta negra e as recentes conquistas da população negra como a
obrigatoriedade de ensino de História e Cultura Afro-Brasileira por meio da lei
10.639 de 2003 e as políticas de ações afirmativas no ensino superior. Em
especial, destacou que apesar de algum avanço no campo educacional ainda são
necessários vários outros passos, já que a deficiência geral da educação
pública no País pesa mais às famílias negras por serem a maioria da população.
Dessa forma, apontou que não há contradição entre políticas específicas de
promoção da igualdade racial e políticas públicas universais, mas uma
complementaridade necessária. Jhonatas concluiu a sua exposição inicial
apontando as possibilidades da escola como um espaço para “refletir de dentro”
sobre as políticas públicas, o que obviamente passa por discutir como o racismo
está presente na educação e quais novos mecanismos podem ser reivindicados pela
juventude negra para sua superação. Os questionamentos do público giraram em torno
da presença de situações de racismo na trajetória de Jhonatas, o cabelo como
forma de afirmação negra, a ocorrência de violência sobre a juventude na
comunidade de Humildes e quais caminhos para pensar a escola como local de
resistência.
Ascom
PSOL
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