Na última
segunda-feira (11), Jhonatas Monteiro (PSOL) participou da edição de 2013 do
Novembro Negro do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), no campus de Feira
de Santana. Jhonatas discutiu com os estudantes o tema “Violência
urbana, juventude negra e políticas públicas”. A professora Lívia Gozzer coordenou
o debate e também participou como convidado, abordando o tema das ações afirmativas
para a população negra, o professor Otto Agra Figueiredo do Departamento de
Educação da UEFS, da Unidade de Organização
e Desenvolvimento Comunitário da mesma instituição (UNDEC) e militante do
movimento negro. Jhonatas, inicialmente, apontou o crescimento da violência na
sociedade brasileira e em especial das formas de violência urbana. Nesse
sentido, apontou que só entre 2008 e 2011 foram assassinadas mais pessoas (Acima
de 200 mil) do que nos doze maiores conflitos do mundo entre 2004 e 2007 (Cerca
de 170 mil). Jhonatas salientou que o crescimento de mais de 200% no número de
assassinatos entre 1980 e 2011 teve como principal alvo a juventude do país, já
que o aumento de mortes violentas entre jovens no mesmo período foi de 326%. Jhonatas
apontou que, infelizmente, Feira de Santana também fez parte desse processo e aparece
como um dos municípios mais violentos da Bahia mesmo em índices oficiais como o
do “Pacto pela Vida”: aparece em 2º lugar nos chamados “Crimes Violentos Letais
Intencionais” e a própria mídia local contabilizou mais de 170 mortes violentas
apenas no primeiro semestre de 2013. Mais problemático ainda, segundo Jhonatas,
é que essa violência atinge a juventude negra em específico e repete o mesmo
processo de extermínio que marca o restante do país. Jhonatas mostrou que em Feira,
com base em dados de 2010, a taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes para
jovens brancos é de 26,6 e de jovens negros sobe de modo assombroso para 151,4.
Jhonatas criticou a “naturalização desses números, pois fazer isso é aceitar o
absurdo que a vida de um jovem negro vale menos do que qualquer outro”. Dessa
forma, chamou atenção para o processo histórico que produziu desigualdades
raciais tão evidentes e, seguindo a mesma lógica, um forte racismo institucional
na política de “segurança pública” que só contribui para o aumento da violência
ao eleger o jovem negro como “suspeito” natural. Na contramão da crescente militarização
da vida nas favelas e nas periferias, Jhonatas defendeu políticas públicas de segurança
baseadas na desmilitarização e reeducação policial para eliminar a cultura
racista, mas que segurança seja vista como garantia dos direitos negados.
Assim, reafirmou que a violência em bairros como Queimadinha ou George Américo
não se explica pela ausência de polícia, mas precariedade do direito à educação,
saúde, saneamento, transporte público, lazer, cultura e, principalmente, pela
incapacidade pública de oferecer “perspectiva de vida e visibilidade positiva” para
a maioria da juventude. Como costumeiro nas atividades no IFBA, os estudantes também
tiveram uma importante participação e levantaram dezenas de questionamentos
sobre a política de cotas, a relação entre política e racismo, a eficácia dos
programas governamentais voltados à juventude, dentre outros assuntos
relacionados.
Ascom PSOL
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