Jhonatas Monteiro (PSOL) esteve no Colégio Estadual
Dr. Jair Santos Silva, no Conjunto Feira IX, para discutir o tema “Juventude
negra, violência urbana e drogas”, como parte das atividades de comemoração do
Dia Nacional da Consciência Negra, no dia 27 de novembro. Como ponto de
partida, Jhonatas comentou como o recorrente convite para que discutisse a
temática não só naquele momento, mas também em várias outras escolas é
revelador da presença do problema em várias localidades de Feira de Santana.
Jhonatas, analisando os dados que fazem de Feira o 69º município mais violento
para a juventude, defendeu que a desigualdade racial e o racismo são fatores
determinantes nessa situação. Ressaltou, nessa argumentação, que dentro do
universo geral da violência é a juventude negra a mais atingida: dados de 2010
demonstram que em Feira enquanto a taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes
para jovens brancos é de 26,6 a taxa registrada entre jovens negros sobe de
modo absurdo para 151,4. Jhonatas discutiu como esses números não devem ser
vistos como naturais sob o falso argumento que essa parcela da juventude
vivencia essa situação por maioria, pois “se essa explicação proporcional fosse
correta ela também seria a majoritária nas universidades públicas, por
exemplo”. Dessa maneira, Jhonatas defendeu o entendimento dessa situação a
partir da histórica negação de direitos à população negra como produtora do
quadro de contradições sociais que colocam a juventude negra como mais
vulnerável à violência urbana. Concentrada nas periferias dos centros urbanos,
essa juventude é aquela que infelizmente estampa os jornais seja como vítima ou
agente da violência, o que é resultante da omissão do Estado brasileiro diante
da necessidade de reparação histórica à população negra pelos séculos de
escravização e seu impacto duradouro sobre a igualdade de oportunidades. Além
disso, também como um fator específico, Jhonatas discutiu como esses resultados
não podem ser creditados apenas à situação social de negros e negras jovens,
mas precisam ser vistos também à luz do forte racismo institucional presente
nas políticas de segurança pública. Nesse caso, as instituições policiais
mantêm na sua “cultura corporativa” valores e práticas que legitimam a
truculência sobre o jovem negro mais que sobre qualquer outra parcela da
juventude, uma vez que aquele é visto como “suspeito” natural ou é muito maior
a “sensação de impunidade” em relação aos abusos policiais cometidos contra
ele. Assim, ao analisar o impacto das drogas lícitas e ilícitas sobre a
juventude negra e periférica como um todo, Jhonatas afirmou que o carimbo fácil
de “envolvimento com o tráfico” que tem acompanhado a morte de centenas de
jovens em Feira tenta “apagar” as suas reais causas e retirar a
responsabilidade do Estado nesse processo. Após a exposição inicial, o debate
prosseguiu com pronunciamentos de professores e variadas questões de estudantes
sobre o funcionamento das cotas raciais nas universidades, o histórico das leis
que visam alguma reparação à população negra, a falta de alternativas culturais
e de renda na periferia, as expressões da valorização negra hoje, dentre
outras.
Ascom
PSOL
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