Páginas

19 de dez. de 2013

RACISMO E EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA SÃO DISCUTIDOS NA I MESA DO “PSOL DEBATE”

No sábado, dia 23 de novembro, o PSOL de Feira Santana deu início a III edição do “PSOL Debate”, que terá o ciclo de debates dividido em duas mesas redondas neste ano e as demais no início de 2014. Esta edição teve como mesa redonda inicial “Racismo e extermínio da juventude negra” e contou como debatedores com o professor Jhonatas Monteiro, Mestre em História e militante do PSOL, e com Joanderson Santana, estudante de Economia e militante do Núcleo de Estudantes Negras e Negros da UEFS (NENNUEFS). Por sua vez, o debate teve também a mediação de Natalice Cavalcante, camelô e militante do PSOL. Jhonatas inicialmente refletiu como o racismo tem sido um fator estruturante da sociedade brasileira, moldando um contexto de negação de direitos à população negra e reproduzindo nas relações sociais formas de violência física e simbólica. Jhonatas, através da demonstração de dados do “Mapa da Violência 2013”, discutiu como esse processo se manifesta de maneira sistemática na eliminação física de jovens negros, especialmente nas periferias dos grandes centros urbanos. Analisou ainda como a política de segurança pública tem levado a cabo uma intervenção militarizada e que mantém forte racismo institucional, agravando a violência sobre a juventude negra ao elegê-la “suspeita” natural ou reforçar a sensação de impunidade em relação aos abusos policiais cometidos contra ela. Para Jhonatas, tanto em Feira quanto em outros lugares, não devemos naturalizar o alarmante cenário de extermínio de jovens negros como algo normal, sendo necessário lutar por desmilitarização da segurança pública e, consequentemente, a adoção também de políticas públicas que garantam direitos sociais para tentar reverter esse quadro. Joanderson, de outro modo, destacou como o racismo está relacionado às práticas culturais e sociais diárias desde a formação da sociedade brasileira. Como expressão disso, frisou o alto índice de violência contra a população jovem negra que vem sendo alvo do que chamou de “genocídio”: dizimada a partir não só da exclusão social, mas pela própria eliminação física. Joanderson ainda chamou atenção para o evidente processo de criminalização de seus valores culturais e de seus comportamentos, o que legitima a idéia que os jovens negros são “perigosos” e por isso a saída do convívio social através da prisão ou a morte são seus caminhos naturais. O debate, que contou com uma rica participação do público, ainda lidou com perguntas sobre a aplicação da lei 10.639 de 2003, acerca do papel da mídia no contexto de reprodução do racismo, bem como sobre as pautas que poderiam embasar as lutas sociais no período atual, principalmente em face das manifestações de junho. Além disso, enquanto jovem negro morador da Queimadinha, o Mc Murilo Turim fez um breve relato do racismo sentido no dia a dia, o que estimulou a que jovens do conjunto Viveiros presentes também relatassem o cotidiano da violência policial em sua comunidade.


Ascom PSOL

Nenhum comentário:

Postar um comentário