No sábado, dia 23 de novembro, o PSOL de Feira Santana
deu início a III edição do “PSOL Debate”, que terá o ciclo de debates dividido
em duas mesas redondas neste ano e as demais no início de 2014. Esta edição
teve como mesa redonda inicial “Racismo e extermínio da juventude negra” e
contou como debatedores com o professor Jhonatas Monteiro, Mestre em História e
militante do PSOL, e com Joanderson Santana, estudante de Economia e militante
do Núcleo de Estudantes Negras e Negros da UEFS (NENNUEFS). Por sua vez, o
debate teve também a mediação de Natalice Cavalcante, camelô e militante do
PSOL. Jhonatas inicialmente refletiu como o racismo tem sido um fator
estruturante da sociedade brasileira, moldando um contexto de negação de
direitos à população negra e reproduzindo nas relações sociais formas de
violência física e simbólica. Jhonatas, através da demonstração de dados do
“Mapa da Violência 2013”, discutiu como esse processo se manifesta de maneira
sistemática na eliminação física de jovens negros, especialmente nas periferias
dos grandes centros urbanos. Analisou ainda como a política de segurança
pública tem levado a cabo uma intervenção militarizada e que mantém forte
racismo institucional, agravando a violência sobre a juventude negra ao
elegê-la “suspeita” natural ou reforçar a sensação de impunidade em relação aos
abusos policiais cometidos contra ela. Para Jhonatas, tanto em Feira quanto em
outros lugares, não devemos naturalizar o alarmante cenário de extermínio de
jovens negros como algo normal, sendo necessário lutar por desmilitarização da
segurança pública e, consequentemente, a adoção também de políticas públicas
que garantam direitos sociais para tentar reverter esse quadro. Joanderson, de
outro modo, destacou como o racismo está relacionado às práticas culturais e
sociais diárias desde a formação da sociedade brasileira. Como expressão disso,
frisou o alto índice de violência contra a população jovem negra que vem sendo
alvo do que chamou de “genocídio”: dizimada a partir não só da exclusão social,
mas pela própria eliminação física. Joanderson ainda chamou atenção para o
evidente processo de criminalização de seus valores culturais e de seus
comportamentos, o que legitima a idéia que os jovens negros são “perigosos” e
por isso a saída do convívio social através da prisão ou a morte são seus
caminhos naturais. O debate, que contou com uma rica participação do público,
ainda lidou com perguntas sobre a aplicação da lei 10.639 de 2003, acerca do
papel da mídia no contexto de reprodução do racismo, bem como sobre as pautas
que poderiam embasar as lutas sociais no período atual, principalmente em face
das manifestações de junho. Além disso, enquanto jovem negro morador da
Queimadinha, o Mc Murilo Turim fez um breve relato do racismo sentido no dia a
dia, o que estimulou a que jovens do conjunto Viveiros presentes também
relatassem o cotidiano da violência policial em sua comunidade.
Ascom
PSOL
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