Jhonatas Monteiro (PSOL) participou da
Calourada Integrada da Universidade Estadual da Bahia (UNEB), campus V, em
Santo Antônio de Jesus, no último dia 21 de março. Discutindo o tema “História
e atualidade das militâncias sociais no Brasil” com estudantes do Curso de
Geografia, Jhonatas apresentou a perspectiva que as lutas sociais passam por
diferentes ciclos históricos. A partir dessa premissa, traçou o panorama do fim
da década de 1970 no Brasil, os muitos problemas sociais e econômicos frutos de
anos de ditadura e a relação desse cenário com a intensificação de
manifestações, protestos e greves. Em especial, destacou a criação ou
refundação de diversas entidades, movimentos sociais e partidos que serviram de
expressão para o fortalecimento da luta popular na época, a exemplo da União
Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Partido dos Trabalhadores (PT).
Nesse quadro histórico, segundo Jhonatas, é que devem ser entendidos os avanços
sociais inscritos na Constituição Federal de 1988, pois o processo da
Constituinte se deu em meio ao ascenso da luta popular no País. Porém, apontou
que ao longo da década de 1990 há um enfraquecimento da luta popular devido às
mudanças que ocorreram tanto no plano internacional, como fim do chamado
“socialismo real” na URSS e a restruturação produtiva capitalista no mundo do
trabalho, quanto a nível nacional, como a unificação das classes dominantes em
torno do neoliberalismo como seu projeto. O profundo impacto na organização e
luta popular no Brasil se fez sentir na queda da quantidade de mobilizações e
de pessoas envolvidas nesses processos, mas também na mudança de perspectiva
ideológica: cresce a acomodação à ordem em entidades e movimentos antes
pautados por práticas anticapitalistas. Essa hegemonia se manifesta
politicamente também na naturalização de uma forma de “governabilidade” voltada
ao mercado de capitais, através de sucessivas formas de privatização e
transferência de recursos sociais para pagamento de juros da Dívida Pública.
Com base nos dados produzidos pela Auditoria Cidadã da Dívida, Jhonatas apontou
como essa governabilidade conservadora atravessou os governos de FHC, Lula e
tem continuidade com Dilma, o que mantém os problemas históricos do Brasil sem
resolução e cria um cotidiano de negação de direitos para a maioria da
população – No máximo, há um gerenciamento da pobreza sem efetiva redução da
desigualdade social brasileira, situação que leva ao visível processo de retomada
das lutas populares em curso atualmente. Para Jhonatas, esse processo é
anterior a junho, mas foi “acelerado” pelas grandes manifestações que marcaram
o Brasil em meados de 2013: como um indicador evidente do aumento da
consciência do poder de pressão coletiva na maioria da população, diariamente a
mídia noticia atos de protesto espontâneo de moradores de diversas localidades.
Portanto, essas milhares de greves e de pequenas manifestações de rua indicam
maior contradição social no período de estabilidade dos interesses dominantes
que foi próprio à acomodação do PT à ordem. Após a exposição inicial, Jhonatas
discutiu ainda as variadas questões que surgiram sobre a atividade sindical no
País, o papel político de programas sociais como o Bolsa Família, quais reformas
seriam prioritárias na agenda dos movimentos populares, a violência presente
nas manifestações, dentre outras.
Ascom PSOL
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