Jhonatas Monteiro (PSOL)
foi um dos palestrantes da Jornada Pedagógica de 2015 do Instituto Federal
Baiano (IF Baiano), no campus do município de Catu. A palestra, realizada em 27
de abril, teve como tema “Educação profissional em contexto de crise: realidade
e perspectiva” e contou com a coordenação da pedagoga Luciane Ferreira de
Abreu.
Jhonatas organizou sua
reflexão inicial através de duas questões centrais: “De que crise se está
falando?”; e “De que educação profissional de está se falando?”. Em relação à
primeira, estabeleceu uma crítica ao modelo tradicional de educação,
excessivamente focado na escolarização enquanto de repetição de informação. Tal
modelo se vê atualmente em crise face às novas tecnologias de comunicação e
informação (TCIs), uma vez que o acesso à informação, de maneira geral, tem se
dado majoritariamente fora do ambiente escolar. Outro aspecto da crise
relaciona-se ao próprio sistema educacional brasileiro, que se mostra ainda
aquém das necessidades do conjunto da sociedade. Destacou que o processo de
massificação da educação no país, acelerado a partir da década de 1980, não
pode ser considerado uma democratização da educação porque reproduziu dentro do
próprio sistema educacional as desigualdades sociais que caracterizam a
sociedade brasileira – resultando nas evidentes diferenças de qualidade que
atravessam os níveis e as modalidades de educação.
De forma geral, esse
processo implicou também no fracasso em sintonizar adequadamente o sistema
educacional com a resolução dos problemas históricos do país. Ainda no âmbito
da crise, destacou que o “pacto social” em curso no Brasil – fundado no pequeno
incremento de renda para os mais pobres e alta concentração de riqueza no topo
da pirâmide social em contexto de crescimento econômico dependente –, além de
não resolver problemas estruturais do país, tem agravado as contradições
sociais e ambientais. Em especial, a crise nessa última dimensão afeta à
educação através de uma política de “austeridade” que implica na redução das
verbas públicas para a área, o que é sentido inclusive nos IFs por meio do
chamado “contingenciamento”.
Na segunda questão,
voltado à problemática da educação profissional, destacou que em sentido amplo
toda escolarização é “profissionalizante”, uma vez que em todas as sociedades
os sistemas escolares preparam indivíduos com certas capacidades básicas
necessárias para sua relação com o mundo do trabalho. Somente num sentido mais
restrito é que a educação profissional poderia ser entendida como “formação de
mão de obra” apenas, embora essa seja a perspectiva predominante sobre o
assunto. Dessa forma, ela pode ser tanto uma educação emancipadora, voltada
para o aperfeiçoamento do potencial criativo e para a emancipação através do
trabalho quanto pode voltar-se para a especialização do trabalhador, implicando
em diferentes abordagens pedagógicas em conflito permanente na sociedade
capitalista. Assim, por exemplo, oposições entre perspectivas mais politécnicas
ou unitárias e o ensino técnico especializado não são só teóricas.
Estas diferenças estão no
centro da disputa entre distintos projetos políticos que, em última instância,
determina se a educação profissional atenderá prioritariamente aos interesses
de mercado ou às necessidades sociais da maioria da população. Jhonatas
provocou: no caso de uma instituição educacional presa ao atendimento
prioritário das demandas imediatas do mercado, o que fazer quando a conjuntura
– e o mercado, rapidamente, muda? Dessa maneira, o cenário de crise reflete-se
nas nuances da educação profissional e, sobretudo, na escolha institucional por
um dos dois caminhos: se a acomodação enquanto uma “escola do emprego” ou a
construção de uma “escola do trabalho”.
Após a exposição inicial,
a atividade contou ainda com perguntas feitas pelo público formado por docentes
e funcionários técnico-administrativos do campus.
Ascom PSOL
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