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29 de abr. de 2015

JHONATAS DISCUTE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA JORNADA PEDAGÓGICA DO IF BAIANO DE CATU

Jhonatas Monteiro (PSOL) foi um dos palestrantes da Jornada Pedagógica de 2015 do Instituto Federal Baiano (IF Baiano), no campus do município de Catu. A palestra, realizada em 27 de abril, teve como tema “Educação profissional em contexto de crise: realidade e perspectiva” e contou com a coordenação da pedagoga Luciane Ferreira de Abreu.

Jhonatas organizou sua reflexão inicial através de duas questões centrais: “De que crise se está falando?”; e “De que educação profissional de está se falando?”. Em relação à primeira, estabeleceu uma crítica ao modelo tradicional de educação, excessivamente focado na escolarização enquanto de repetição de informação. Tal modelo se vê atualmente em crise face às novas tecnologias de comunicação e informação (TCIs), uma vez que o acesso à informação, de maneira geral, tem se dado majoritariamente fora do ambiente escolar. Outro aspecto da crise relaciona-se ao próprio sistema educacional brasileiro, que se mostra ainda aquém das necessidades do conjunto da sociedade. Destacou que o processo de massificação da educação no país, acelerado a partir da década de 1980, não pode ser considerado uma democratização da educação porque reproduziu dentro do próprio sistema educacional as desigualdades sociais que caracterizam a sociedade brasileira – resultando nas evidentes diferenças de qualidade que atravessam os níveis e as modalidades de educação.

De forma geral, esse processo implicou também no fracasso em sintonizar adequadamente o sistema educacional com a resolução dos problemas históricos do país. Ainda no âmbito da crise, destacou que o “pacto social” em curso no Brasil – fundado no pequeno incremento de renda para os mais pobres e alta concentração de riqueza no topo da pirâmide social em contexto de crescimento econômico dependente –, além de não resolver problemas estruturais do país, tem agravado as contradições sociais e ambientais. Em especial, a crise nessa última dimensão afeta à educação através de uma política de “austeridade” que implica na redução das verbas públicas para a área, o que é sentido inclusive nos IFs por meio do chamado “contingenciamento”.

Na segunda questão, voltado à problemática da educação profissional, destacou que em sentido amplo toda escolarização é “profissionalizante”, uma vez que em todas as sociedades os sistemas escolares preparam indivíduos com certas capacidades básicas necessárias para sua relação com o mundo do trabalho. Somente num sentido mais restrito é que a educação profissional poderia ser entendida como “formação de mão de obra” apenas, embora essa seja a perspectiva predominante sobre o assunto. Dessa forma, ela pode ser tanto uma educação emancipadora, voltada para o aperfeiçoamento do potencial criativo e para a emancipação através do trabalho quanto pode voltar-se para a especialização do trabalhador, implicando em diferentes abordagens pedagógicas em conflito permanente na sociedade capitalista. Assim, por exemplo, oposições entre perspectivas mais politécnicas ou unitárias e o ensino técnico especializado não são só teóricas.

Estas diferenças estão no centro da disputa entre distintos projetos políticos que, em última instância, determina se a educação profissional atenderá prioritariamente aos interesses de mercado ou às necessidades sociais da maioria da população. Jhonatas provocou: no caso de uma instituição educacional presa ao atendimento prioritário das demandas imediatas do mercado, o que fazer quando a conjuntura – e o mercado, rapidamente, muda? Dessa maneira, o cenário de crise reflete-se nas nuances da educação profissional e, sobretudo, na escolha institucional por um dos dois caminhos: se a acomodação enquanto uma “escola do emprego” ou a construção de uma “escola do trabalho”.

Após a exposição inicial, a atividade contou ainda com perguntas feitas pelo público formado por docentes e funcionários técnico-administrativos do campus.


Ascom PSOL


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