No dia 08 de maio,
Jhonatas Monteiro (PSOL) participou de mesa redonda organizado na UNEB de
Itaberaba, campus XIII, com o tema “Um balanço dos movimentos sociais durante a
era PT”. A atividade fez parte do evento “1º de maio, dia do trabalhador: lutar
para construir”, programação organizada por estudantes do curso de História em
comemoração à data mundial de luta da classe trabalhadora.
Jhonatas, inicialmente,
tratou teoricamente da relação entre movimentos sociais e Estado,
classificando-a como permanente e estrutural dentro da sociedade capitalista,
embora elementos como autonomia, poder de mobilização e capacidade de pautar a
opinião pública, por exemplo, variem de acordo com a conjuntura. Em seguida,
concretizou essa relação para a realidade brasileira, destacando a década de
1980 como uma época de luta social acentuada, que promoveu o surgimento não
apenas do Partido dos Trabalhadores (PT), mas também de uma série de
organizações de massas, a exemplo do Movimento Negro Unificado (MNU), União
Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Já a década de 1990 foi
descrita como um momento de arrefecimento das lutas sociais, provocado
principalmente pela conjuntura internacional e pela unificação da classe
dominante em torno do neoliberalismo, o que resultou num cenário político
propício ao “transformismo” – dirigentes de movimentos e partidos populares
assumindo práticas de acomodação à ordem. Por sua vez, como um terceiro
aspecto, apontou que, apesar das expectativas de mudança social depositadas no
governo Lula, já eram evidentes os sinais de que este promoveria uma política
de conciliação – Explícita na escolha do empresário José Alencar (PL) como
candidato à vice-presidência e na divulgação da “Carta ao Povo Brasileiro”, por
exemplo. Tal política implicou no estabelecimento de uma governabilidade
conservadora, uma sustentação do governo baseada no Congresso e em partidos
políticos “fisiológicos”, sem participação popular direta. Essa participação
foi admitida timidamente somente através de conferências setoriais, mas
esvaziou-se pela ausência de poder deliberativo.
Nesse sentido, Jhonatas
enumerou algumas consequências dessa conjuntura para os movimentos sociais nas
últimas duas décadas: fragmentação de movimentos sociais e entidades sindicais,
uma vez que avaliações contrárias às ações do governo frequentemente levam à
adoção de posições inconciliáveis dentro das organizações; cooptação de
dirigentes de movimentos que, uma vez inseridos na estrutura do Estado, passam
a legitimar as políticas governamentais; além de acomodação, provocada pela
subordinação da ação de movimento à agenda estatal. Jhonatas destacou ainda
que, apesar do cenário desfavorável que marcou a década passada, o momento
atual tem se mostrado bastante dinâmico – tanto pela renovação geracional da
classe trabalhadora quanto retomada das lutas populares.
Cada vez mais novos trabalhadores
inserem-se no mercado de trabalho, com outras expectativas e sem relação com as
práticas enraizadas em antigas estruturas sindicais, além de pessoas que, mesmo
já inseridas no mercado de trabalho, têm feito o enfrentamento às direções,
frente à ameaça de perda de direitos. Essa nova conjuntura de avanço da
resistência popular evidencia-se também pelo crescimento do número de greves e
pelas movimentações “espontâneas”, processo protagonizado por pessoas cuja
prática se dá sem qualquer conexão com as referências do último ascenso da luta
popular no Brasil, na década de 1980.
A mesa, além da
coordenação da professora da UNEB Márcia Cury, contou também com as reflexões
do pesquisador de sociologia do trabalho Iuri Ramos, professor da UNEB; e com
as de Virgílio Sena, mestrando em História pela UFBA.
Ascom
PSOL
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