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11 de mai. de 2015

EM ITABERABA, JHONATAS DISCUTE A ATUAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DURANTE O PERÍODO LULA

No dia 08 de maio, Jhonatas Monteiro (PSOL) participou de mesa redonda organizado na UNEB de Itaberaba, campus XIII, com o tema “Um balanço dos movimentos sociais durante a era PT”. A atividade fez parte do evento “1º de maio, dia do trabalhador: lutar para construir”, programação organizada por estudantes do curso de História em comemoração à data mundial de luta da classe trabalhadora.

Jhonatas, inicialmente, tratou teoricamente da relação entre movimentos sociais e Estado, classificando-a como permanente e estrutural dentro da sociedade capitalista, embora elementos como autonomia, poder de mobilização e capacidade de pautar a opinião pública, por exemplo, variem de acordo com a conjuntura. Em seguida, concretizou essa relação para a realidade brasileira, destacando a década de 1980 como uma época de luta social acentuada, que promoveu o surgimento não apenas do Partido dos Trabalhadores (PT), mas também de uma série de organizações de massas, a exemplo do Movimento Negro Unificado (MNU), União Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Já a década de 1990 foi descrita como um momento de arrefecimento das lutas sociais, provocado principalmente pela conjuntura internacional e pela unificação da classe dominante em torno do neoliberalismo, o que resultou num cenário político propício ao “transformismo” – dirigentes de movimentos e partidos populares assumindo práticas de acomodação à ordem. Por sua vez, como um terceiro aspecto, apontou que, apesar das expectativas de mudança social depositadas no governo Lula, já eram evidentes os sinais de que este promoveria uma política de conciliação – Explícita na escolha do empresário José Alencar (PL) como candidato à vice-presidência e na divulgação da “Carta ao Povo Brasileiro”, por exemplo. Tal política implicou no estabelecimento de uma governabilidade conservadora, uma sustentação do governo baseada no Congresso e em partidos políticos “fisiológicos”, sem participação popular direta. Essa participação foi admitida timidamente somente através de conferências setoriais, mas esvaziou-se pela ausência de poder deliberativo.

Nesse sentido, Jhonatas enumerou algumas consequências dessa conjuntura para os movimentos sociais nas últimas duas décadas: fragmentação de movimentos sociais e entidades sindicais, uma vez que avaliações contrárias às ações do governo frequentemente levam à adoção de posições inconciliáveis dentro das organizações; cooptação de dirigentes de movimentos que, uma vez inseridos na estrutura do Estado, passam a legitimar as políticas governamentais; além de acomodação, provocada pela subordinação da ação de movimento à agenda estatal. Jhonatas destacou ainda que, apesar do cenário desfavorável que marcou a década passada, o momento atual tem se mostrado bastante dinâmico – tanto pela renovação geracional da classe trabalhadora quanto retomada das lutas populares.

Cada vez mais novos trabalhadores inserem-se no mercado de trabalho, com outras expectativas e sem relação com as práticas enraizadas em antigas estruturas sindicais, além de pessoas que, mesmo já inseridas no mercado de trabalho, têm feito o enfrentamento às direções, frente à ameaça de perda de direitos. Essa nova conjuntura de avanço da resistência popular evidencia-se também pelo crescimento do número de greves e pelas movimentações “espontâneas”, processo protagonizado por pessoas cuja prática se dá sem qualquer conexão com as referências do último ascenso da luta popular no Brasil, na década de 1980.

A mesa, além da coordenação da professora da UNEB Márcia Cury, contou também com as reflexões do pesquisador de sociologia do trabalho Iuri Ramos, professor da UNEB; e com as de Virgílio Sena, mestrando em História pela UFBA.

Ascom PSOL


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