Jhonatas Monteiro (PSOL)
participou de audiência pública realizada na Queimadinha, com o objetivo de
discutir a violência no bairro, no dia 11 de junho. O evento foi promovido pelo
mandato do vereador Beldes Ramos (PT), a partir de provocação da comunidade, e
contou ainda com a participação do Secretário Municipal de Meio Ambiente,
Roberto Tourinho (representando o prefeito); do Secretário Municipal de
Prevenção à Violência e Promoção dos Direitos Humanos, Mauro Moraes; do Major
Carivaldo Pinheiro Melo Neto, representando o comando da PM; de Roberto Luiz
Carneiro, representante do mandato do deputado estadual Zé Neto (PT); do Padre
Gabriel, da paróquia de Todos os Santos; e de Vanessa Mascarenhas, professora
da UEFS especializada em Direito Penal.
Na oportunidade, Jhonatas
criticou o argumento de que a crescente violência no município seria fruto da
“desestruturação das famílias” ou da “falta de Deus”. Destacou que a promoção
da segurança pública é uma atribuição do Estado, e que este não pode se eximir
da sua responsabilidade simplesmente transferindo-a para os indivíduos.
Convidado enquanto historiador, a analisar a violência na Queimadinha sob uma
perspectiva histórica, Jhonatas falou sobre o surgimento do bairro, composto
majoritariamente por famílias negras oriundas da zona rural e de municípios
circunvizinhos ou migrantes de outros estados do Nordeste que buscavam melhores
condições de vida em Feira de Santana.
Segundo Jhonatas, a
ocupação de um espaço dentro da cidade por parte desses novos moradores foi
alvo de rejeição da elite local, inclusive através da imprensa, gerando um
ambiente de racismo e marginalização para os moradores do bairro desde meados
do século XX. Essa segregação vem sendo recentemente reforçada por uma ação de
mídia, que frequentemente aborda os casos de violência de forma
sensacionalista, seja em sites ou em programas de rádio do município. Para o
historiador, essa abordagem midiática tem a conivência do Estado, o que reforça
a criminalização e permite uma abordagem abusiva sobre quem mora na
Queimadinha.
Por fim, Jhonatas destacou
o descaso do poder público com o bairro, explícito através da falta de
políticas efetivas ligadas à cultura, esporte e educação ou mesmo áreas
públicas de lazer, o que confere à Queimadinha uma condição de abandono e
contribui para o aumento dos índices de violência. Como caso exemplar, apontou
a situação do entorno da Lagoa do Prato Raso, em geral vista como área mais
problemática a partir do argumento do “tráfico”, mas ao mesmo tempo uma parte
do bairro historicamente abandonada pelo Estado – Tanto em relação à
preservação da própria Lagoa quanto em relação à garantia de direitos à
população que ali reside.
Para ele, no contexto da
atual proposição de uma das chamadas “Bases Comunitárias de Segurança” para o
bairro, a concepção de segurança pública que se resume a mais polícia já parte
de um equívoco: a questão não reside em mais efetivo policial, ainda mais com a
cultura de violência que marca a ação desses agentes do Estado, mas no
enfretamento das condições que tornam a maioria da população vulnerável à
violência.
Ascom PSOL
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